A poesia é como um diamante, mas não a joia toda: só o que está no seu miolo – e que, se supõe, não seja em nada diferente do entorno.
Olhando
atentamente, colocando-o contra a luz, é possível ver esse miolo (que, a partir
de agora, chamaremos de coração).
Porém,
o que se vê, se vê através de um prisma (certamente uma armadilha); e o mais
tocante, só se vê através dele (e não ele em si).
Porém,
o que se vê, se vê da mesma forma que se vê o corpo do fantasma: supondo,
crendo, extrapolando, pressentindo (de físico, talvez – e só talvez –, os pelos
do braço ouriçados).
Pedra
dura demais (vulgar chamar um diamante de pedra) é possível destroçá-la a
marretadas (com muito esforço) e selecionar ao acaso um pedaço qualquer (semelhante
a um caco) e elegê-lo "O Coração"
(idêntico
aos outros fragmentos, esse será, de qualquer forma, o fragmento falso).