quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Aguardando um título




Os meninos cogitaram acordá-lo

a       p    e d    r    a d as
– típica cena bíblica de expurgo

Se limitaram a cutucá-lo com uma vara


Como não respondia
decidiram consultar um adulto

(no meio do caminho foram
seduzidos por um enorme
           letreiro da Texaco)


Imagem: Remédios Varo

7 comentários:

Adriana Godoy disse...

Nolli, poderia ser um animal, um mendigo, uma pessoa.
Tão explicitamente cruel, tão explicitamente belo.

O letreiro luminoso é muito mais importante, o outro que se dane.

Beijo

jorge vicente disse...

cena de expurgo: e a texaco, maravilhosamente pérfida, a sorrir...

L. Rafael Nolli disse...

Adriana e Jorge, meus queridos amigos, gostei muito da interpretação de vocês. Em minha cabeça esse poema era claramente sobre "as crianças que sem mais o que fazer" decidiram por fogo no índio Galdino. Agora, todos que leram comentaram coisas diversas, perceberam outras possibilidades, outras nuances que me escaparam. Fico feliz com isso, já que julgava esse poema limitado. Não temos mesmo controle sobre a nossa criação, isso é ótimo! Abraços!

Adriana Godoy disse...

Nolli, a princípio pensei mesmo nesse caso e em outros tantos que acontecem por aí. E seu poema retrata de maneira muito intensa tudo isso.
É bom mesmo ver a leitura que as pessoas fazem de nossos textos, coisas que nem imaginávamos.

Beijo

Cássio Amaral disse...

Eu morava em Brasília nessa época da morte do Galdino. Verso incendiário.

jorge vicente disse...

A nossa criação é ilimitada, meu caro amigo! Vai por onde o poema quiser ir.

Mais abraços!
Jorge

Lucas Ferreira disse...

Bom pra caramba esse aí Rafael!

Abraço