para Jorge Vicente
1.
Dinamene! Dinamene!
pouco
importa o que move os cardumes
ou
o que torna cego os peixes exilados
nas cavernas
tudo
se resume – questão primordial –
no
que teria sido se o Mekong tivesse
engolido
aquele calhamaço
2.
Entre gente remota edificaram
, ou
outra língua surgisse da espada & do fogo e nos entrasse pela boca, após
ser roubada por algum Prometeu – por exemplo. Falar Falar Falar até que as
chagas da garganta cicatrizassem & parassem de doer
, ou
outro messias surgisse no lugar desse – ó pai por que me... Também velho &
cego, como convém (um olho vazado em Ceuta) (Para que tantos messias, meu
deus?)
ou
nenhum messias – e fôssemos mudos como as pedras
3.
D. Sebastião
acaso
o Mekong tivesse
engolido
aquele calhamaço
ou
o poeta tivesse sido vencido pelo nado
talvez
em um laboratório
ou
no canto d’algum pássaro
ou
de empréstimo de outro reino
uma
nova língua até nós caminhasse
com
seu rastro de pólvora e sangue
quem
sabe outro poeta se erguesse
–
em uma manhã de nevoeiro –
no
caso do seu fracasso?
*
Um comentário:
O final é forte e bate!
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