sábado, 10 de maio de 2014

Processos Mnemônicos



Para não esquecer:
é um poema
não como um poema de Shakespeare
algo menos formal, mais raso
tampouco inferior em ferir o tato
incomodar, mover, tirar do lugar
– às vezes um passo basta

Para não esquecer:
é um poema sobre um homem
não o canalha da capa do pasquim
boçal, babando sobre a bandeira
por certo, um homem que não existe
se existe, existe somente nesse poema
– e isso basta

Para não esquecer:
todas as estrofes abrem com a mesma sentença
(como em um poema de Lorca)
e uma palavra, uma palavra, uma palavra
as encerra, sem ponto final:
serão mesmo a mesma palavra
ou apenas fingem que são?

Para não esquecer


– isso basta

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