Era
um deus, no entanto.
Porém,
não o poupavam. “Coxo Coxo
Coxo”
sussurravam
pelas ruas.
Nos inferninhos
e na boca do lixo
o
consenso era geral:
“feio
como um beliscão no cu”
“a própria
mãe reconhece a merda que fez”
&
demais despautérios.
Entre
os seus, em língua grega
– ou
naquela que lá se fala
&
tampouco compreendemos –
a
fama de corno corria aos quatro cantos:
“vencido
por um amor de espuma”
“enfeitiçado
pelos olhos de cigana oblíqua...”
&
coisas do tipo.
Distraído,
no cômodo do fundo,
iluminado
pelo fogo da fornalha
ele
nada ouvia
senão
o som do martelo malhando o metal.
* do livro "poemas é um péssimo título"
Um comentário:
O assunto já me atrai muito e, desse modo, ficou fantástico, ou num quase paradoxo, um conto de mitologia realística!
Abraço
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