Nenhuma história de amor.
Só palavras agrupadas
e algo que as coloque em (des)ordem:
um jogo semântico
uma brincadeira burocrática
métrica, rima, divisão silábica
trocadilho, gracejo, piada
qualquer coisa que lhe sirva de base
de desculpa, de álibi.
Nada de vivo, nada que respire.
Só “um arranjo de carpinteiro”
“um trabalho de artesão”
ou outra dessas comparações
horrorosas.
Talvez uma frase pronta possa ajudar:
“A palavra horrorosa /
é de uma beleza terrível”
e coisas desse nível para baixo.
Nada. Nada. Nada.
Só palavras aos montes
até formar uma pilha não muito alta:
ninguém vence vivo mais que uma
página.
De repente uma última frase.
Sorrateira. Breve. Rápida:
“como o golpe de uma espada”
“feito corte de navalha”
ou outra dessas grandes bobagens.
do livro Poemas é um péssimo título
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