segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Iminente
“Quando a vista ficar confundida, e a lua se eclipsar,
e o sol e a lua se unirem, nesse dia o homem gritará:
para onde é que se pode fugir? Oh, não haverá refúgio!”
Surata 75
Não sabia
Não sabia
Não sabia
impelido a
Não sabia,
sentado
O
Fôra
Antes de Rimbaud
Fôra
ao
Quando
compreendi
e a
Então o
aguardei impregnando-o de imagens retiradas dos
por
– e haveria
– e haveria
e
o
escolhendo a
– e haveria
e haveria
“E para cada dia
bastará apenas o seu mal”
sábado, 2 de novembro de 2013
Entrevista Diversos Afins
Amigos, concedi uma entrevista para a Revista Diversos Afins. Bate-papo sincero sobre poesia e tudo que a envolve.
O caminho é: http://diversosafins.com.br/?p=5834
Aguardo vocês!
domingo, 6 de outubro de 2013
Hefesto/Vulcano/Völundr
Era
um deus, no entanto.
Porém,
não o poupavam. “Coxo Coxo
Coxo”
sussurravam
pelas ruas.
Nos inferninhos
e na boca do lixo
o
consenso era geral:
“feio
como um beliscão no cu”
“a própria
mãe reconhece a merda que fez”
&
demais despautérios.
Entre
os seus, em língua grega
– ou
naquela que lá se fala
&
tampouco compreendemos –
a
fama de corno corria aos quatro cantos:
“vencido
por um amor de espuma”
“enfeitiçado
pelos olhos de cigana oblíqua...”
&
coisas do tipo.
Distraído,
no cômodo do fundo,
iluminado
pelo fogo da fornalha
ele
nada ouvia
senão
o som do martelo malhando o metal.
* do livro "poemas é um péssimo título"
terça-feira, 10 de setembro de 2013
Provedor-mor de defuntos e ausentes
para Jorge Vicente
1.
Dinamene! Dinamene!
pouco
importa o que move os cardumes
ou
o que torna cego os peixes exilados
nas cavernas
tudo
se resume – questão primordial –
no
que teria sido se o Mekong tivesse
engolido
aquele calhamaço
2.
Entre gente remota edificaram
, ou
outra língua surgisse da espada & do fogo e nos entrasse pela boca, após
ser roubada por algum Prometeu – por exemplo. Falar Falar Falar até que as
chagas da garganta cicatrizassem & parassem de doer
, ou
outro messias surgisse no lugar desse – ó pai por que me... Também velho &
cego, como convém (um olho vazado em Ceuta) (Para que tantos messias, meu
deus?)
ou
nenhum messias – e fôssemos mudos como as pedras
3.
D. Sebastião
acaso
o Mekong tivesse
engolido
aquele calhamaço
ou
o poeta tivesse sido vencido pelo nado
talvez
em um laboratório
ou
no canto d’algum pássaro
ou
de empréstimo de outro reino
uma
nova língua até nós caminhasse
com
seu rastro de pólvora e sangue
quem
sabe outro poeta se erguesse
–
em uma manhã de nevoeiro –
no
caso do seu fracasso?
*
Marcadores:
d sebastião,
dinamene,
foz do Mekong,
lusofonia
sábado, 3 de agosto de 2013
Ópera-rock sobre o cárcere de Abaetetuba
1 – os fatos
Tinha quinze anos e subtraíra um Rolex made
in China ou um CD by Zona Franca de Manaus.
Por isso fora jogada
numa cela úmida de suor e porra.
Uma cela ocupada por homens exemplares,
educados na arte da pederastia e da extorsão
– onde trocava um copo d’água por uma chupada.
Tinha quinze anos e roubara pouco mais
de uns reais, que não lhe pagavam a fome.
Por isso fora jogada
numa cela feita de aço, músculo, testosterona.
Uma cela abarrotada de orações sinceras,
de sífilis, de gonorréia
– onde trocava fiapos de colchão por tapas na cara.
Tinha quinze anos e roubara um pedaço de pão
ou uma carteira de couro de avestruz.
Por isso fora jogada
numa cela fedendo a desinfetante de menta e cu.
Uma cela decorada com frases de ódio
e estelares bocetas globais
– onde trocava um prato de comida por uma trepada.
2 – o carcereiro
Nada perturba o seu sono.
O canto da navalha, no pescoço de quem dorme,
não lhe tira o apetite
– treta de cigarro, mulher ou cocaína:
é com sangue que se assina esses contratos.
(O trânsito é um problema que o incomoda:
busina, semáforo, lhe tiram do sério.)
Nada perturba o seu sono.
O choro noturno de quem será enforcado
não lhe rouba a disposição
– o cinto e o cadarço cumprem o papel
que Deus lhe designou.
(O chuvisco na TV é um empecilho:
não há riso sem o programa, sem o comercial.)
Nada perturba o seu sono.
A emboscada que culmina em desgraça
não lhe inibe o descanso
– ordem natural das coisas:
quatro homens no banheiro, outro que não é mais.
(Futebol é algo que o desconcerta:
o empate é inadmissível; a derrota, insuportável.)
Nada perturba o seu sono.
3 – os detentos
Um cultivou o seu amor com agrotóxico,
enterrou o corpo na horta,
onde nunca mais nasceu couve.
Outro, em nome da honra da filha,
cortou o pinto do vizinho e jogou na rua
– ali, brincavam de varinha atrás.
Mais ao fundo, um unha-de-fome
que têm o estômago como mentor
intelectual de seus atos
– roubava supermercados
com a prudência de ser preso: nada lhe
era melhor que a comida sem sal do Estado.
Alguns, resignados, assumiram crimes alheios
afim de quitarem carnês de jogatina e tráfico:
confessaram uma degola, adotaram umas fraturas
– em sua maioria ritualísticos ladrões de galinha
e usuários recreativos de cola de sapateiro,
que não teriam mesmo outro lugar para irem.
Há aqueles que não possuem crime algum
senão terem nascidos inclinados ao soco,
atraídos pelo grito, propensos ao ódio.
Aqui o sol é o mesmo para todos
e o interruptor o apaga.
4 – fim
cada casa é uma trincheira
que se defende de um inimigo invisível
(talvez seja o vizinho
ou nós mesmos – algo nos diz)
e rua a rua a guerra é perdida
pelo avanço de exército nenhum
* publicado novamente. acabo de ler que os algozes estão soltos.
segunda-feira, 22 de julho de 2013
XX
03/01/04
*
sábado, 22 de junho de 2013
Do vinagre e seus usos
Eram especialistas em conter
Bastava meia dúzia de cães e seus lacaios
ou um pequeno pelotão de farda
armados com um pouco de ódio
– que já vem de fábrica –
e um up grade que adquirem na jornada
Tudo se dispersava diante do pelotão
montado sobre ferozes cavalos
polícia e bandido (doutores de terno & gravata)
de mãos dadas para distribuir porrada
e a ordem era mantida para a glória
dos privilegiados (uma certa
gente diferenciada)
Eis que o rumor da multidão
abafa o som das botas e das bombas
daqueles que pagávamos para nos matar
Ninguém recua até que o sol venha iluminar
as vidraças q u e b r a d a s
*
*
Marcadores:
neobarracos,
Revolta do Vinagre,
vidraças quebradas
domingo, 16 de junho de 2013
Poema # 7
os
egípcios
(&
talvez os mesopotâmicos)
procuraram
(em vão)
por
ele ( )
dissecando
seus reis & seus gatos
&
nada viram além de vísceras
verme
alojado
– os românticos dizem que no peito
os capitalistas nos bens
os
místicos na alma –
em
algum estranho desvão
de
onde com seus estranhos mecanismos
coloca
o organismo sob o seu comando
(a
giárdia a solitária a lombriga
para ficarmos em poucos exemplos)
lembra
– já que tudo nos é permitido especular–
uma peça que
se instala sem que se queira
&
que muito pouco
– ou quase nada –
– ou quase nada –
se
pode fazer que a impeça
(vírus
de site pornô
OU
[que baste essa imagem
na
falta de outra melhor])
em
alguns (os bem-aventurados)
desgastada
a peça (uso, fatores climáticos,
maldições, radicais livres, etc)
uma
nova se habilita
&
começa a fumegar
logo
essa se instala
sobre
as cicatrizes da anterior
(os
dentes do tubarão o braço do
polvo
o rabo da l a g a r t
i x a)
&
como a unha (& os cabelos) do defunto
começa
a crescer (sem que possamos
dosá-la ou, a exemplo
das bestas, fustigá-la)
soerguendo
a crista da montanha
contra
o tédio do teto
*
Marcadores:
Egípcios e Mesopotâmicos,
L. Rafael Nolli
sábado, 1 de junho de 2013
quinta-feira, 23 de maio de 2013
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Coletânea Fórceps
Amigos, dia 28 de Maio estarei no lançamento da coletânea Fórceps. São 4 poetas: Eu, Cássio Amaral, Heleno Álvares e Flávio Offer. Se der, compareçam! Abraços!
Marcadores:
Cássio Amaral,
Coletivo Anfisbena,
Flávio Offer,
Fórceps,
Heleno Álvares,
L. Rafael Nolli
Coletânia Fórceps
Amigos, dia 28 de Maio estarei no lançamento da coletânea Fórceps. São 4 poetas: Eu, Cássio Amaral, Heleno Álvares e Flávio Offer. Se der, compareçam! Abraços!
Marcadores:
Cássio Amaral,
Coletivo Anfisbena,
Flávio Offer,
Fórceps,
Heleno Álvares
terça-feira, 2 de abril de 2013
Elephant ganha as ruas
Oficina realizada no SESI-SENAI no 22° Encontro SESI de Artes Cênicas. |
Oficina realizada no SESI-SENAI no 22° Encontro SESI de Artes Cênicas. |
Marcadores:
22° Encontro SESI de Artes Cênicas,
Coletivo Anfisbena,
Elefante
terça-feira, 19 de março de 2013
Poema
XXXII
12/06/03
Grifo-o,
em alto-relevo ,
para os que não podem ver ; grito-o, em altas palavras , para os que não podem tocar .
Risco-o,
na areia , para
os que estão de passagem ;
selo-o, nas estrelas , para
os que não
têm pressa .
O seu nome eu risco na semente , para os que estão por vir ; cravo-o nos olhos dos mortos ,
para que os mortos possam lembrá-lo sempre .
E vou fazendo até
que não
conseguirei suportar mais
a fome e passe
a correr Coca-Cola em
minhas veias .
* do livro Memórias à Beira de um Estopim
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Entrevista: Elefante e Coletivo Anfisbena
![]() |
Heleno Álvares e L. Rafael Nolli - foto: Laura Millya Borges |
![]() |
Eduardo, Rafael Nolli e Heleno Álvares - livros no chão por todo lado. Foto: Laura Millya Borges |
Marcadores:
Heleno Álvares,
Jornal Clarim,
L. Rafael Nolli,
Laura Millya Borges
Assinar:
Postagens (Atom)