domingo, 25 de março de 2012

Elegia

Briton Revière  (1840 – 1920)  - Daniel na Cova dos Leões 
De fato, sua morte não
nos livra de nossa própria morte.

Antes,
nos mostra outras formas de morrer –
comum em todos os lugares
onde há rios de gordura
e grandes nuvens de açúcar

(como se sua morte – e toda a
burocracia em torno de seu corpo –
suspendesse a morte que trazemos conosco)

De fato, sua morte não
nos salva de nossa própria morte.

Antes,
nos mostra como iremos morrer –
verdade apontada
em pequenos sinais diários
e centenas de páginas de hemogramas

(como se sua morte – e todas as
obrigações em torno de seu corpo –
impedisse o andamento da nossa)

4 comentários:

jorge vicente disse...

Nenhuma morte nos livra da nossa, mas ficamos com mais empatia com todos aqueles que morrem.

Que a Poesia seja uma dessas formas de empatia, camarada!

Um grande abraço
Jorge

Adriana Godoy disse...

Nolli, se vc soubesse o quanto me tocou esse poema... demais, cara, e sempre gosto de vir aqui.

Beijo

Paola Vannucci disse...

Faces da Morte.....

Me fez lembrar desse filme,

Nolli sempre Nolli

Bjs

Revista Literária disse...

Um Poema bem conseguido, reflexivo e forte.
Parabéns, gostei de estar aqui.
anamerij