O mesmo título de uma obra de Joseph Conrad
Basta um instante e tudo muda
no coração da cidade.
A hemorragia de gente pára
para avistar um corpo estirado no chão.
Agrupam-se em torno da cena
pintada no asfalto com cores em excesso –
são amplificados, ecoam nas paredes:
lembram uma picada de inseto.
A sacola largada do alto do prédio
se agarra aos fios de alta-tensão –
onde a força dos rios corre
transformada em cavalos excitados –
e súbito desprende para alçar novo vôo.
Os carros voltam a gritar, impacientes,
exigindo descanso aos seus músculos de aço:
clamam pelo conforto das garagens.
O minuto seguinte, engasgado no letreiro digital,
é vomitado sobre a cabeça de todos.
Logo, a gaze encharcada começa a gotejar.
Um instante, e volta a bater o coração da cidade.
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* Dois poemas de meu novo livro, Comerciais de Metralhadora, podem ser lidos na Revista Eletrônica Paralelo 30, confiram:
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Visitem! Um abraço, meu camaradas!
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