sexta-feira, 5 de março de 2010

Poema de amanhã

22/12/03

1

O poema de amanhã descansa em meu peito.

Em estado selvagem,

às vezes ele parte a galope pelo meu corpo,

a sua crina solta ao vento,

seus cascos ecoando no hall do meu tórax

– mesclando-se às batidas do meu coração...

... seu relincho se misturando lentamente à minha voz...


Eu o sei,

como sei o bebê que cresce na barriga da Arabela.


Eu o sei,

como sei que a noite de um dia futuro

se inicia na sombra que minha perna projeta.


2

Amanhã ele estará domado,

pastando tranqüilamente em uma folha de livro.



* Do livro Memórias à Beira de um Estopim