sábado, 22 de junho de 2013

Do vinagre e seus usos


Eram especialistas em conter
Bastava meia dúzia de cães e seus lacaios
ou um pequeno pelotão de farda
armados com um pouco de ódio
 – que já vem de fábrica –
e um up grade que adquirem na jornada

Tudo se dispersava diante do pelotão
montado sobre ferozes cavalos
polícia e bandido (doutores de terno & gravata)
de mãos dadas para distribuir porrada

e a ordem era mantida para a glória
dos privilegiados (uma certa
    gente diferenciada)

Eis que o rumor da multidão
abafa o som das botas e das bombas
daqueles que pagávamos para nos matar

Ninguém recua até que o sol venha iluminar
      as vidraças            q u e b r a d a s


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domingo, 16 de junho de 2013

Poema # 7


os egípcios
(& talvez os mesopotâmicos)
procuraram   (em          vão)
por ele           (                   )
dissecando seus reis & seus gatos
& nada viram além de vísceras

verme alojado
 – os românticos dizem que no peito
       os capitalistas nos bens
       os místicos na alma –
em algum estranho desvão
de onde com seus estranhos mecanismos
coloca o organismo sob o seu comando

(a giárdia          a solitária         a lombriga
        para ficarmos em poucos exemplos)

lembra – já que tudo nos é permitido especular–
uma peça que se instala sem que se queira
& que muito pouco
– ou quase nada –
se pode fazer que a impeça

(vírus de site pornô
OU
                 [que baste essa imagem
na falta de outra melhor])

em alguns (os bem-aventurados)
desgastada a peça (uso, fatores climáticos,
      maldições, radicais livres, etc)
uma nova se habilita
& começa a fumegar

logo essa se instala
sobre as cicatrizes da anterior
(os dentes do tubarão          o braço do polvo
         o rabo                  da           l a g a r t  i   x    a)

& como a unha (& os cabelos) do defunto
começa a crescer    (sem que possamos
       dosá-la ou, a exemplo
                                             das bestas, fustigá-la)
soerguendo a crista da montanha

contra o tédio do teto



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