domingo, 16 de junho de 2013

Poema # 7


os egípcios
(& talvez os mesopotâmicos)
procuraram   (em          vão)
por ele           (                   )
dissecando seus reis & seus gatos
& nada viram além de vísceras

verme alojado
 – os românticos dizem que no peito
       os capitalistas nos bens
       os místicos na alma –
em algum estranho desvão
de onde com seus estranhos mecanismos
coloca o organismo sob o seu comando

(a giárdia          a solitária         a lombriga
        para ficarmos em poucos exemplos)

lembra – já que tudo nos é permitido especular–
uma peça que se instala sem que se queira
& que muito pouco
– ou quase nada –
se pode fazer que a impeça

(vírus de site pornô
OU
                 [que baste essa imagem
na falta de outra melhor])

em alguns (os bem-aventurados)
desgastada a peça (uso, fatores climáticos,
      maldições, radicais livres, etc)
uma nova se habilita
& começa a fumegar

logo essa se instala
sobre as cicatrizes da anterior
(os dentes do tubarão          o braço do polvo
         o rabo                  da           l a g a r t  i   x    a)

& como a unha (& os cabelos) do defunto
começa a crescer    (sem que possamos
       dosá-la ou, a exemplo
                                             das bestas, fustigá-la)
soerguendo a crista da montanha

contra o tédio do teto



*

2 comentários:

Francisco Coimbra disse...

PALAVRA

dando continuação
ao último poema que li
começo o próximo
aproximando
a um toque de dedos...
a primeira à última
palavra(s)

Sempre interessante reler Poema # 1
depois do último.
Boa semana!

Eleonora Marino Duarte disse...

retrato do extrato de nosso tempo.
muito bom, Rafael! :)


abraço.