sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Memórias à Beira de um Estopim

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Marc Chagall - La caduta di Icaro, 1974
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POEMA XXII
29/08/03

Funerais para a Poesia, viva! Enterro em caixão vazio. “O corpo se perdeu na correnteza”, dizem os homens do resgate. “O corpo? Destroçou na explosão!”, afirmam os peritos policias. O povo:
– O pouco juízo do concreto lhe baratinou as idéias.
– Ter nascido lhe estragou a vida...
Funerais para a Poesia viva! Cemitério vazio, epitáfio em branco. A Poesia morta não se cravou no mármore frio de sua própria lápide – nem, nas estrelas, foi descansar em paz. Ela atormenta-se no limbo escuro. (A utopia celeste, atômica, a massa de hidrogênio a nauseava.) Cemitério vazio: sem um único sussurro de um orador.
Um dia, ela bate em nossa janela e diz: “Voltei”. Daremos ela por assombração barata, e zás: lá vai ela de novo erguer seu vôo de Ícaro e quedar como Ismália.
Pronto, lá vai ela!




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23 comentários:

Héber Sales disse...

acabei de comentar teu ensaio lá embaixo e agora vejo esta poesia tudo a ver, não é?
abraço!

Samantha Abreu disse...

Muito bom!
teu texto é intenso,
Gosto assim.


beijos!

Anônimo disse...

que bonito! espesso...

Márcia disse...

Perfeito seu poema, como Ismália me vi a sonhar...
dias lindos,
beijos


"As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar..."

octavio roggiero neto disse...

um dia Ela volta soprando um segredo que todo mundo pensava saber... que Ela sempre nos e(leve)!

diovvani mendonça disse...

Ô Rafa...
Hoje resolvi te alugar, né?
Mais um do Quintana (O homem passarin)

Bilo-Bilo
O idiota estilo bilo-bilo com que os adultos se dirigem às crianças, isso deve chateá-las enormemente, como a um poeta quando abordado com assuntos "poéticos".

~^^ ~Abraço~^^ ~ ~

P.E. Desculpe, qualquer apito dos TREM, que deixei abaixo.

celia.musilli disse...

Belo texto. Às vezes acho que a poesia está morta, depois leio um Carpinejar, penso na sua ressurreição e me encho de esperança.

beijoss

Mary disse...

Penso que a Poesia Viva não morre... ela adormece e, por isso, sempre retorna, para mais atarde adormecer novamente em um ciclo...

Entendidos? ;)

Bjs e ótima semana.

Anônimo disse...

camarada, vir aqui é ir a uma guerra.

você já tem algum livro publicado?

abração

Helder Hortta

Héber Sales disse...

obrigado pelo feedback sobre a revista, nolli.
o sucesso dela tem muito a ver com participação de autores como você.
abraço!

Caim disse...

muito bom...

anjobaldio disse...

Caro Rafael, belo o teu texto.
O Efraim Reyes é um grande escritor colombiano de quem eu admiro muito: tem 3 livros publicados no Brasil.
Grande abraço,
Nelson.

Anônimo disse...

Venho aqui na casa de belos ensaios,e belas hipóteses:..."ter nascido lhe estragou a vida" ..., por exemplo.Abraço aí. Rio Daqui

Anônimo disse...

Belo texto,Nolli.Depois de tempos ausente vou chegando devagar.
http://van-cent.zip.net
VAN.

By Ana D disse...

A tua poesia não ta morta...E se morrer por uns segundos, com certeza renasce, porque uma vez que ela se apossa, não larga mais ! rs

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

Oi, Nolli, grata pelas palavras-pólen lá no blog... Então gostaste daquela imagem, que parece um "alto-relevo"? Então, vou te contar um não-segredo: ela foi mesmo inspirada em um alto-relevo antigo, mas nada posso dizer sobre isso (possivelmente um bom professor ou estudioso de arte antiga poderia identificar!). Acontece que a foto (sem referências) só me chegou às mãos xerocada, pelo correio, com as indicações de como deveria ficar a pintura "nascida" a partir da observação daquela imagem mágica... A pessoa que encomendou este trabalho, tempos atrás, morava em Belo Horizonte, e perdemos o contato... Sequer sei onde a tela anda agora, a última notícia que tive é de que estava em Curitiba... É alada, pois.
Abraços azuis.

*e, sim, a poesia morre, ressuscita, ressurge, sem descanso muito prolongado!

- disse...

Oi Noli .. Obrigada pela visita no meu blogger. Ah ! Seu escrito está ótimo e muito criativo .. Beijins Ah! Adicionei o seu blogger nos meus favoritos ..

_Maga disse...

Não se engane, a poesia não morreu. Ela não morre nunca: pelo menos enquanto existir uma palavra. Enquanto ainda houver esta última sobrevivente, haverá também um jeito de pouco obvio de usa-la. E depois? Depois que a palavra se perder, ai a poesia continua, ela nunca esteve presa a língua afinal: a poesia do mundo é muito mais humana, tanto mais é natural.

Um beijo ao poeta das palavras ainda em uso... ;)

Samantha Abreu disse...

voltei pra ler de novo... estava num papo parecido com esse, dia desses... penso que o único problema é que Ismália enlouquceu no meio de sombras... e isso é um pouco misterioso!
hehehee


E olha só.
Hoje estou no Versos de Falópio:
http://versosdefalopio.blogspot.com

Apareça!
um beijo

Anônimo disse...

Belo texto,bom ler algo bem escrito.Nolli,pasando para desejar-lhe Boas festas e muito sucesso para o novo ano,amigo.Meu abraço. Van. http://van-cent.zip.net

Ana disse...

oi,

adorei sua poesia...
concreto...

bju e obrigado pelo seu comentário...

Grazzi Yatña disse...

É..lá vai ela com sua termodínâmica alucinada!

Adorei.

Anônimo disse...

oi proff...
é o diogo

queria dizer q comecei a ler seum blog!!!!

Flws

Diogo