sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

XXXVI

31/12/03

...e é, na mesa, que nos diferimos. É na ceia que nos diferenciamos. Esse ano que passa nos mostra mais uma vez que é a mesa (repleta ou escassa) que nos divide em pólos distintos.


... logo, a criança que debruça na lata de lixo estacará um instante para ver os fogos... senhor, zelai pela nossa miséria. Que as latas de lixo amanhã amanheçam repletas! Que assim seja!

Mas que seja hoje, senhor, pois esse ano-velho amanhã será tão velho quanto os ossos do peru que o cão enjeitou, e que apodrecem na horta... tão velho quanto a fome do menino de ontem, debruçado, um lixo... amém.


*

15 comentários:

Juliana Matos. disse...

Que belíssimo texto, fria realidade,
constante miséria!
Que a paz e a igualdade nos atinjam mais rápido e tudo isso acabe..
Lindos fragmentos..pedidos verdadeiros!
Bjos
Bom dia Rafael

f@ disse...

Olá Rafael,

Não adianta repetirem o natal… + valia adiarem para quando estivessem preparados…
Os homens deviam adiar o natal… para meditar…
Neste mundo a esperança rebola contra a insensibilidade…
Gostei mto…

!nfinito beijinho

tenorio disse...

Muito foda!

"Que as latas de lixo amanhã amanheçam repletas"

Porra Nolli, foda é pouco. Como disse no Poema Dia, é tão brutal que se torna lírico. Só você e o Chico Buarque conseguem isso.

Valeu camarada!

Cássio Amaral disse...

véio,

sou seu fã incondicional desde sempre.

esse poema é bem pertintente para esta data, que matamos o natal e damos mais valor no nosso egoísmo.

mano, adoro seu livro e te acho um humanista e um cara mais elevado.

grande abraço de irmão.

ca.

Isaias de Faria disse...

expressão de um sistema, massacrante.
sempre venho visita-lo. gosto de ver suas letras. abraço. isaias

vieira calado disse...

Meu caro!

Pois que o ANO NOVO

destrone, de vez,

a Ano velho!

Um abraço

dade amorim disse...

Rafael, quando alguém fala dessa realidade nossa de cada dia, há sempre um movimento de recusa, um silêncio de quem ficou chocado, achou demais - e no entanto as coisas se repetem a todo instante, e basta ir à rua, até à janela de sua casa, para ver os atores dessa tragédia.

Um ano em que as pessoas se tornem um pouco mais sensíveis e generosas, e que haja alegria e realizações.

Grande abraço

Daisy Libório disse...

Obrigada por me seguir!

Se quiser, tenho outra morada: www.fragmentostodosmeus.blogspot.com

PS: super interessantes seus blogs!

Isaias de Faria disse...

não deixo de vir aqui. nunca!

Flavio Machado disse...

um belo poema que somente agora tomei conhecimento, o nosso tempo tão curto nos afasta desse convívio com belos poemas.

abs
Flávio

Adriana Godoy disse...

Forte e expressiva poesia. Um texto limpo e poderoso. Belo , triste, real. Beijo.

J.F. de Souza disse...

A força característica de teus poemas, sempre chamando a todos pra briga com um tapa na cara - não tem como recuar depois disso: fere o orgulho...

O que será do novo ano pra esses povos? E dos próximos anos? E dos próximos povos?

J.F. de Souza disse...

Ah! Valeu por me corrigir, meu caro!

1[]!

Unknown disse...

metade o busto de uma deusa maia
metade um grande rabo da baleia
[...]

obrigada pelo texto-tapa,

amém.

Graça Carpes disse...

A fome não é do homem e sim o social que faz o homem... Que o homem faz!

Gostei do seu olhar poético sobre tudo.
:)