domingo, 30 de julho de 2017

Prosa Poética



Fragmento retirado de um e-mail falso
                                                Para Wewerton (Caim)




Quem virá me salvar? Quando? E como? As preces se perdem: o deus-cavalo saxão ñ compreende minhas psicopatologias: quem vem, herói ou vilão, Jesus ou Judas, reerguer-me da briga que se arrasta pelas ruas e que tem sido a minha vida: quem vem, & como, levantar-me de uma queda que se eterniza no impacto com o chão: levantar-me de um tombo fatal, sistêmico: caio, cai minha sanidade; caio, despenca meu juízo.

Pensei, ontem, em dizer uma palavra mágica, que guardo há muito, que destruiria todas as coisas (voaria antes, eu vislumbrei isso, como o Enola Gay voou [em seu útero um ovo] por sobre as cabeças sem chapéu dos homens); pensei ontem, verbo mágico se debatendo em meus dentes em cela, que essa palavra seria ouvida nos manicômios como um chamado insano à realidade (isso se denomina poesia!).

Quem, quando & como virá, se é que se pode, se é que se efetiva, destituir-me da minha dor, levá-la de mim? (Como se leva uma pluma muito leve / levá-la como se leva o rosto ao soco / como se lava o sangue das mãos após a carícia dos estúpidos / como se conduz às vísceras o cabo da faca...]).

Quem poderá, dos Elíseos ou dos Umbrais, separar-me de meu medo, desencravá-lo de mim? – adestrá-lo, deixá-lo dócil como um lobotomizado a passear sem poder algum em meio aos meus pensamentos sem que os transfigure em verde, sem que os potencialize em dor & os converta em dúvida? Quem? Quando? Como?








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