Fragmento retirado de um e-mail falso
Pensei, ontem , em dizer uma palavra mágica , que guardo há muito ,
que destruiria todas as coisas (voaria antes , eu
vislumbrei isso , como
o Enola Gay voou [em
seu útero um ovo ] por sobre as cabeças sem chapéu dos homens );
pensei ontem , verbo
mágico se debatendo em
meus dentes
em cela ,
que essa palavra seria ouvida nos manicômios como
um chamado insano
à realidade (isso
se denomina poesia !).
Quem, quando
& como virá, se é que se pode, se é que se efetiva ,
destituir-me da minha dor , levá-la de mim ?
(Como se leva uma pluma muito leve / levá-la como
se leva o rosto
ao soco / como se lava
o sangue das mãos
após a carícia
dos estúpidos / como se conduz às vísceras o cabo
da faca ...]).
Quem poderá, dos
Elíseos ou dos Umbrais, separar-me de meu medo , desencravá-lo de mim ? – adestrá-lo, deixá-lo dócil
como um
lobotomizado a passear sem
poder algum em meio aos meus pensamentos
sem que os transfigure em verde , sem que os potencialize em
dor & os converta em dúvida? Quem? Quando? Como?
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