Submersos na
noite – alta como uma torre de celular – cobrem a cidade: são os seus donos,
provisoriamente.
Cúmplices de um
mundo mergulhado em silêncio, onde os crimes se sabem de cor e a escuridão os
consome antes que os jornais acordem.
(Seus passos
abafados pela convulsão das geladeiras, pelo excesso de cães ladrando contra os
seus fantasmas, pelo ruído de televisores fora do ar [pelo som de um rato
roendo a madeira do oratório])
Eles são
aqueles que conspiram contra a ordem estabelecida: a tirania dos pais ou o
capitalismo – e perdem a batalha diariamente nas duas frentes.
Eis que se
acende uma luz (morsa espremendo o suco das estrelas; caldo espesso rastejando
pelo asfalto).
A manhã – ou a
polícia – dissolve a turba.
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