foto de Leila Lopes
Para Wewerton (Caim)
Quem virá me salvar? Quando? Y como? As preces se perdem: o deus-cavalo saxão ñ compreende minhas psicopatologias: quem vem, herói ou vilão, Jesus ou Judas, reerguer-me da briga q se arrasta pelas ruas y q tem sido a minha vida: quem vem, y como, levantar-me d uma queda q se eterniza no impacto com o chão: levantar-me d um tombo fatal, sistêmico: caio, cai minha sanidade, caio, despenca meu juízo – pensei, ontem, em dizer uma palavra mágica, q guardo há muito, q destruiria todas as coisas (voaria antes, eu vislumbrei isso, como o Enola Gay voou [em seu útero um ovo] por sobre as cabeças sem chapéu dos homens); pensei ontem, verbo mágico se debatendo em meus dentes em cela, q essa palavra seria ouvida nos manicômios como um chamado insano à realidade (isso se denomina poesia!): quem? como? onde? virá, se é q se pode, se é q se efetiva, destituir-me d minha dor, levá-la d mim? (Aborto para o lixo; mentira ao coração; ódio aos q vivem em cólera [levá-la como se leva o rosto ao soco, como se lava o sangue das mãos após a carícia dos estúpidos: como se conduz às vísceras o cabo da faca...]). Por um instante, antes d o apocalipse deflagrar, escuto um fallen angel executando um solo d trombeta numa flor d beladona: quem poderá, tira, bandido, Montechio ou Capuleto, dos Elíseos ou dos umbrais, separar-me d meu medo, desencravá-lo d mim? – adestrá-lo, deixá-lo dócil como um lobotomizado a passear sem poder algum em meio aos meus pensamentos sem q os transfigure em verde, sem q os potencialize em dor y os converta em dúvida? Como y quem?
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15 comentários:
Quem cairá tão fundo
a ponto de nos nos libertar das correntes enferrujadas?
Nolli, sua palavra forte nos fala e profunda nos salva de tropeços em nossos cantos escuros.
Feliz pela parceria.
Beijão.
Rafael, bom encontrar outra foto-passagem da Leiluka por aqui, dialogando com tuas palavras... Sim, quem poderá ver além do vazio, e vislumbrar a doçura possível, por detrás de toda aspereza e brutalidade do mundo?...
Abraços alados azuis.
Vertigem de imagens. Passei no teu Orkut e vim conferir. O Cassio tem visitado meu blog (networking...). O do Sonnen. Deixe um comentário no http://blogdoandreferrer.zip.net/
Grato
André Ferrer
Forte isso, Rafael.
E eu gosto de escritos assim. Muito bom.
Tem um poema da Margaret Atwood que fala sobre essa palavra, que tem o poder de proteger da dor e do medo.
E um dos epítetos de Dionísio é: Libertador. Que ele te liberte e te proteja. A liberdade de Dionísio é uma delícia, porque tem muita alegria. :)
Um beijo.
Teu texto é atemporal, meu caro, por mais que finjamos perenes calmarias. E essa busca é pelo algo redentor de nossas misérias entulhadas entre mistérios e segredos. Quiçá seja a poesia com seu olhar diferenciado a nos socorrer? Sim. Creio nisso, pois o que nos tem faltado é vestir os olhos com percepções mais sensíveis se si e do outro.
Abração! É sempre um prazer vir aqui em tuas firmes paragens literárias!!
Rafael.
Todos os dias. Todos. Penso em palavras mágicas. Verbos que me façam voar.
Todo o tempo...
Penso no afeto que admite silêncio.
Gostei do seu texto cheio de magia!
às vezes, a gente se identifica muito com os "tombos sistêmicos" da humanidade.. estes questionamentos pertencem a todos nós.. um beijo
olá Rafel,passando para matar saudades.Sumi mas ...volto sempre...Abraçao.
Como e quem vai se apossar de nós arrancando todas as perguntas e cravando respostas como Enola Gay gravou desgraçadamente vidas e mais vidas para todo o sempre?
Que verbo usar designando espanto?
Aplaudo seu canto, de pé!
beijos
Cara, tenho um blog fantasma (www.sarma.zip.net)...faz tempo que nem me lembrava dele...aí vi um filme legal do Kim Ki-duk e resolvi escrever uma dessas mensagens que se joga no mar. Aí surgiu um comentário. Só um... e acabei nesse blog. Olhei a primeira vez y... voltei. Agora escrevi: pra dizer que passei por aqui e li... Bem legal! Já assistiu o filme? Inté
Rafael, esse texto-poema me fala dos soldados que se mataram no Iraque. Mas não só: ele fala também de todos os medos insuportáveis de que a humanidade sofre. Um grande abraço.
Muito bom!Um grito de muitas vozes. Visceral, forte... amei.
beijos
Rfael,aparecendo.ando sumida.Deixo meu abraço saudoso.Texto denso.Questoes eterna da angústia humana.O medo é um instinto primitivo que tem sua importancia para a sobrevivencia do grupo e specie,a questao e o medo manipulado pelo sistema.Que nos enrosca,atola numa obediencia morna,na segurança mediocre nas certezas incertas já que a vida é inquieta e quer ser ousada.mas...a ordem é cada macaco no seu galho!Bolas!este medo é artificial...Temos medo do mundo com suas regras injustas,sua violencia implicita e explicita,temos medo da nao aceitaçao,do ser diferente,temos medo da solidão por isso preferimo as tribos,o grupo,o clube,a familia(e isto nem sempre é protção)...vencer o nosso medo é ajudar a contruir uma vida melhor pois esta que repetimos como obra acabada geme de pavor de mudanças e no entanto nao se suporta.Medo..palavrinha esquzofrenica.Beijão.
eu não sei, não,
mas desconfio que há esse medo
de apenas ser humano,
da vertigem de subir aos céus
escoltado por infernais.
e achei esse texto diferente,
Nolli, na forma, né?
incorporando essa coisa da internet,
se se abreviar as coisas,
do atropelo, que é mesmo coisa
de quem fala do medo.
gostei.
aquele abraço!
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