Lagartixa Morta - Foto de Rafael Nolli |
O
poeta mente quando diz
que o amor
é uma flor rara ,
colhida
nos verdejantes jardins
da vida .
O
amor, deveria ele dizer ,
é
o ato de desespero
no
qual o homem se agarra,
é
o chão que o suicida deseja –
mas embaixo
há apenas abismo
e caos .
Mente o poeta quando diz que
o amor
é
o porto seguro onde se ancora
e
mente duplamente
quando afirma que Deus
nos
fez para amarmos uns aos outros .
O
amor, deveria ele dizer,
é
a boia pela qual o afogado anseia,
mas há apenas
água
e
mais água
em sua
ânsia de boiar
–
acima,
um pouco
de céu sem
fundo
abaixo,
um universo de barro e lodo .
Amor é um
cio estragado.
* do livro Comercias de Metralhadora
16 comentários:
o ingmar bergman é demais :"o amor é a mais negra das pestes". seu poema me lembrou ele. agora, que "o amor é um cio estragado" ficou foda demais também. vai entrar pra frases q mais curto. abraço grande meu caro.
esqueci de dizer que a foto... perfeita.
caralho mano!!!! doido demais!! ao meu ver o melhor....
Muito bom!
Cheguei aqui por indicação de Carmen Presotto de Vidráguas e foi mesmo uma agradável surpresa.
Seu blog é belíssimo! Ela também me sugeriu a leitura de seu livro 'Memórias à beira de um estopim'. Fiquei muito interessada em lê-lo.
Excelente post! O amor é verdadeiramente um tiro no abismo...às vezes raso demais...
BEIJO GRANDE!!!
Lou Albergaria
Nolli
Amor é um sentimento sublime,
gostei
"é a boia que anseia o afogado,
mas há apenas água
e mais água em sua ânsia de boiar"...
Gosto dessa definição. Poderia até encarar o amor sob essa definição.
Mas delirantes de paixão - ou de desespero - não deveríamos nunca afirmar que sabemos o que é amor, sendo que, nesses momentos, qualquer fio de esperança serve...
Gostei também, é uma visão talvez mais psicológica do que é amor.
O amor é um cio estragado... uma hipótese em eterna construção, tanto o queremos, tanto o cantamos, tanto o desejamos que, muitas vezes, esquecemos de viver... e teus versos são um golpe no estômago, versos para desaboletarmos sempre de nosso narciso, mirar a estrada, bater a porta do silêncio para seguirmos caminhantes.
Um beijo e te ler me desperta, que bom que logo teremos: Comercias de Metralhadora saindo do forno... e para a semana sevem estar chegando meus livros por aí.
Boa noite, bom dia, e seguimos!!
véi,
versos metralhados de primeira linha.
o amor é minha mulher que segurou na minha mão na ida e na volta para aí no avião. cara, turbulência me deixa tenso no ar.
bom poema meu irmão.
já com saudade sua e de sanny e de todos aí.
abração.
bastante reconfortante.
Adoro o poema. Adoro ainda mais a imagem... (=
Talvez... Um aborto.
Apareça noPulsar ;)
A outra face do amor.
Muito bom, Nolli.
beijo.
Pois é...
Rafa, o amor, para Schopenhauer, é o que o homem busca para tapar a colisão com a morte. É uma forma de se postergá-la. E posso dizer que teu poema está retratando isso: o amor como forma de fuga para a verdade irremediável da vida – a morte.
"O amor, deveria ele dizer,
é o ato de desespero".
O desespero é a válvula dos amantes.
Abraços do amigo.
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