1
Qualquer
coisa cheira mal
em
sua permanência aqui na Terra.
Algo
de estúpido se passa
nas
reuniões onde se decidem os infartos;
algo
não compreensivo ocorre
na
comissão que coordena os atropelamentos.
Deus,
ou quem estiver no comando,
só
pode mesmo ser um cara muito piedoso,
ou
andar terrivelmente mal assessorado.
Perdoa-se
a burocracia que deve haver
e a
longa fila de processos a julgar,
talvez
má fé ou corpo mole dos juízes –
o
que não é de se surpreender.
Ainda
assim somos obrigados a nos perguntar:
por
que não se tão urgente? Se tão óbvio?
Não
existe melhor hora do que agora.
Para
ontem é tarde demais.
Antes
tarde.
2
O
espaço anda tão escasso
que
ocupá-lo por ocupá-lo
não
parece nem um pouco válido.
Se
livrar de uma ou outra caixa
(aqui
usamos a velha metáfora)
que
pouco tem nos acrescentado
não
pode ser algo assim tão abominável.
Se
ao menos guardasse algo
convinha
talvez guardá-la.
Que
está vazia não resta dúvida,
ácaros,
ácaros, ácaros,
aos
milhares,
aos
milhões, como em toda velha caixa.
O que
se perde?
Uma
cabeça a menos no senso demográfico.
Um
nome encabeçando o obituário.
Talvez
uma breve nota de pesar no jornal (desperdício
de
papel em tempos de aquecimento global).
Foda-se
se tem uma mãe para chorá-lo.
2 comentários:
Oi, Rafael!
Nossa, precisei ler várias vezes...
... E a cada nova leitura, vamos associando com tantos fatos que nos cercam!
Beijos! =)
Muito obrigado pela visita, Nadine! Espero vê-la por aqui mais vezes!
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